Tempos escolares - ciclos e progressão continuada

Texto sobre a intervenção do Profº Dr. João Cardoso Palma Filho, Secretário Adjunto da Educação do Estado de São Paulo

Com a universalização do ensino houve a necessidade de estruturar o tempo escolar em ciclos e progressão continuada, porém o resultado não é satisfatório, pois grande número de alunos não conseguem atingir o mínimo do conhecimento esperado e acabam sendo aprovados compulsoriamente até o último ano.
É preciso estar atento a real intenção do poder público em dar oportunidades iguais a todos ou somente atingir os índices estabelecidos por órgãos internacionais.
Algumas medidas são necessárias para mudar este quadro: capacitar professores, principalmente os alfabetizadores, dando-lhes o devido valor profissional e salarial; reduzir a quantidade de alunos por sala; escolas com bibliotecas, laboratórios (equipados), sala de reforço, sala de informática, quadra de esporte e área livre; ensino fundamental em horário integral, com aulas extras de artes, música, terapias (quando necessário), esportes, língua estrangeira, etc.
Nos últimos anos do ensino fundamental é importante que o jovem possa ter contato com o mercado de trabalho, oferecendo visitas às escolas técnicas e empresas, dando a oportunidade de planejar seu futuro.


Comentário do texto da Profª Drª Elba Siqueira de Sá Barreto

O regime de ciclos implementados na rede pública, apesar de bem intencionado, não vejo como algo que tenha dado certo. Penso que a necessidade de um aprofundamento de estudos na tentativa de melhoria do mesmo.
É preciso que haja uma conscientização por parte de todos de que não há acréscimo de conhecimento, apenas com o fato de prosseguir nos ciclos, mas sim através do conhecimento adquirido e comprovado por meio de avaliações e se necessário de reprovações. O prosseguimento nos estudos sem que tenha absorvido conhecimento inevitavelmente implicará em dificuldades futuras.
O regime de progressão continuada vejo apenas com a finalidade de não desmotivar alunos através da repetência. Porém a finalidade da escola que é de ensinar fica em segundo plano, perdendo seu espaço para a finalidade apenas de mantê-los no ambiente escolar mesmo que sem adquirir conhecimento.
Talvez políticas inovadoras consigam atingir o objetivo inicial do projeto, mas para isso será preciso novos estudos sobre a forma de avaliar o conhecimento dos alunos.